Estão abertas atualmente na Bahia vagas com salários de R$ 35 mil, R$ 25 mil e R$ 20 mil. São remunerações destinadas a altos executivos que estão disponíveis, há cerca de 40 dias, sem que as empresas encontrem candidatos interessados ou que preencham os requisitos exigidos para os cargos.

As três vagas reais são apenas exemplos já que, até pelo perfil dos cargos, o recrutamento é feito sempre de forma discreta e estratégica, sem que as empresas de recursos humanos divulguem dados mais precisos. Todas, entretanto, ressaltam as dificuldades encontradas pelas grandes indústrias instaladas no estado, na busca pela ocupação de cargos de alta gerência ou diretoria.

De acordo com as empresas especializadas, o problema ocorre, geralmente, por duas razões: a falta de qualificação dos candidatos locais e o desinteresse de altos executivos, em ascensão de carreira, em sair de mercados de maior visibilidade, como São Paulo, por exemplo.

“O Nordeste é um oásis para qualquer profissional do Sudeste, em um primeiro momento, mas passar um mês de férias está longe de dar um cenário real de como seria ter uma vida aqui, e o fator de adaptação conta para as empresas que não querem investir em um profissional para, depois, vê-lo retornando ao mercado de origem”, diz a headhunter e coach Agda Lima, que trabalha identificando e recrutando profissionais que tenham os perfis exigidos. Sem qualificação

“Somos muito cuidadosos, e as empresas também, em avaliar esses fatores ligados a adaptação do profissional ao estado na hora de considerá-lo para um processo, especialmente falando do nível executivo”, afirma Agda Lima. Resultado: sem muitas opções de profissionais qualificados no mercado local, as empresas ficam aguardando que a vaga desperte o interesse de profissionais de outros estados, geralmente aqueles que já consolidaram suas carreiras no eixo Sudeste e que, agora, considerem a melhoria da qualidade de vida no Nordeste.

A situação é a mesma nos demais estados da região. Segundo pesquisa divulgada pela empresa de consultoria Michael Page, a contratação de executivos de alta e média gerência no Nordeste cresceu 189% nos primeiros oito meses de 2014 em relação ao mesmo período de 2012.

“Na Bahia, agora em 2015, as vagas estabilizaram-se um pouco, por conta do cenário de retração econômica mas, ainda assim, existem vagas em aberto por conta de substituições e pelo interesse das empresas no mercado no Nordeste, ainda em ascensão”, diz Leandro Pedrosa, gerente executivo da consultoria paulista Michael Page, que agora mantém escritório em Salvador.

Ser diretor e baiano E para quem já vive na Bahia, qual a lição que fica? É preciso apostar mais na carreira, para poder ser o profissional altamente qualificado que se procura no estado. De acordo com Henrique Ramos, gerente de negócios da Talento.RH, são requisitados “perfis estratégicos, com idioma fluente, mobilidade e diferenciais no currículo, sobretudo nos ramos de engenharia com cursos de alta qualificação (PMI/Blackbelt), além de formação e preparo para gestão de pessoas (formação em coaching por exemplo)”.

Dentre as oportunidades citadas anteriormente, o cargo com salário de R$ 35 mil, por exemplo, é para diretor industrial. “É preciso ter inglês fluente, perfil escasso em nosso mercado”, frisa Ramos. O baiano Marconi Andraos, diretor de Relações Institucionais da Dow Brasil, em Candeias, é um dos exemplos de que se os profissionais locais investissem mais na carreira não seria preciso que as grandes empresas que atuam no estado ficassem à mercê da vontade e adaptação de executivos do Sudeste. “Manter-se atualizado, impondo-se sempre novos desafios” é a dica do executivo.

(Fonte: A Tarde)