Um dia destes assisti com surpresa a propaganda de um banco de investimentos onde utilizavam a palavra curadoria para destacar o portfólio de produtos para investimos. Estamos familiarizados com a curadoria em galerias de arte e museus, não é comum utilizá-la para a seleção de produtos e serviços.

Mario Sergio Cortella e Gilberto Dimenstein escreveram o livro “A Era da Curadoria” onde o termo é aplicado para educação e comunicação. Os autores relatam que vivemos numa época com excesso de informações onde necessitamos identificar quais devem receber a nossa atenção. O livro estimula a reflexão para sermos criteriosos com os temas que serão priorizados em nossa vida. Nas palavras dos autores: “O que importa é saber o que importa!”

Para entender melhor o significado de curadoria fora das artes plásticas, trouxe o conceito para a minha vida e avaliei como eu seleciono algo dentre varias possibilidades. Percebi que frequentemente atuo como um curador e acredito que não estou só, muitas pessoas que conheço também atuam como curadores. Somos curadores dos livros que selecionamos para ler, dos filmes que assistiremos no próximo feriado, e vários outros itens, produtos e serviços. Tenho um amigo que é “curador” de cervejas, sempre tem uma dica quente para compartilhar.

Após uma reflexão geral sobre curadoria, concentrei a atenção nas minhas atividades profissionais, tentando perceber como eu selecionava os temas que seriam priorizados nos treinamentos e consultorias. Percebi que o conceito de curadoria também se aplica, inclusive, com mais critério e disciplina.

É claro que eu não invento os temas para os meus treinamentos, estes são demandas de mercado, mas recebem uma abordagem particular, que considera preferências pessoais, ou em outras palavras, a atuação de um curador.

Os projetos consultivos são demandas dos clientes, dores para resolver, ganhos para gerar, mas a seleção de metodologias de realização é uma atividade do consultor. Dentre diversas práticas possíveis o “consultor curador” seleciona aquela que segundo sua experiência é a mais indicada.

O curador age alinhado com um entendimento geral de qualidade, uma espécie de senso comum de mercado, entretanto, em suas ações estão presentes critérios subjetivos e um forte viés pessoal.

Rogério Nunes Consultor e Diretor de Educação da ABRACEM