No Brasil, elas contribuíram para gerar 3,3 milhões de empregos desde 2012 e Santa Catarina tem quase 3 mil delas

Você provavelmente já está familiarizado com o termo startup. Agora, o setor de empreendedorismo tenta introduzir um novo conceito no país: scale-up. A expressão já é usada em outras partes do mundo e se refere a empresas que crescem pelo menos 20% durante três anos seguidos. E tem um outro fator importante: a atuação delas pode ajudar a tirar o país da crise.

— Elas têm um impacto muito grande no emprego. Enquanto as empresas tradicionais contratam em média 0,34 funcionário ao ano, nas scale-ups essa média sobe para 31 novos contratados anualmente. É quase 100 vezes maior — explica João Melhado, gerente de pesquisa e mobilização da Endeavor e responsável pelo estudo.

Segundo o IBGE, o Brasil tem 33.320 scale-ups, menos de 1% das empresas do país. Apesar disso, elas são responsáveis por quase 60% dos novos empregos gerados nos últimos três anos (o equivalente a 3,3 milhões). Elas também somaram R$ 250 bilhões ao PIB.

PREOCUPAÇÃO EM MANTER O BOM RITMO

Santa Catarina tem 5,7% do total dessas empresas no Brasil, 2.908 (a base de dados é diferente da do IBGE, por isso o percentual é maior entre os dados da Endeavor) que crescem e criam empregos a um ritmo muito maior do que as médias estadual e nacional.

Entre elas estão a Involves (cresceu 150% em 2014), a Resultados Digitais (tinha 15 funcionários em 2012 e hoje, quase 200), Welle, eleita a PME (Pequenas e Médias Empresas) que mais cresceu no Brasil em pesquisa de 2014.

— Estamos dobrando o faturamento todos os anos desde 2011. Em 2013, eram apenas quatro colaboradores. Hoje são 41 e temos processo de contratação de mais 25 — afirma Rodrigo Lamin, diretor comercial da Involves.

A empresa começou como criadora de software em 2008. O programa Agile Promoter, voltado ao varejo, puxou o crescimento.

— São raríssimas as empresas que conseguem ficar nesse ritmo por quatro ou cinco anos seguidos. Você precisa aproveitar esses momentos para montar um bom time e inovar — ensina Melhado.

É o que a empresa está tentando: mantém um portal para os clientes sugerirem melhorias. Uma das ideias rendeu outra inovação, um ponto eletrônico mobile – os funcionários podem bater o ponto pelo smartphone de qualquer lugar.

CHANCE PARA ALCANÇAR NOVOS MERCADOS

O momento como scale-up é uma oportunidade. É quase como uma transição de pequena para média ou de média para grande empresa. Cerca de 33 mil empresas brasileiras cresceram mais de 20% ao ano entre 2012 e 2014. Mas, dessas, 13,3 mil estão nesse ritmo há quatro anos. E apenas 5,7 mil estão expandindo seu faturamento nesse mesmo compasso há cinco anos, desde 2010.

Depende muito do tipo de empresa, mas é necessário apostar em algum diferencial nesse período: ganhar mercado, aumentar produtividade e, algo que deve ser feito sempre, arriscar no desenvolvimento de inovações de processos ou de novos produtos. Para a Uatt?, empresa de Florianópolis que vinha crescendo a uma média de 70% ao ano, a aposta é entrar no mercado dos Estados Unidos.

— Hoje estamos em 12 países, mas com vendas em menor escala. Queremos começar a vender nos EUA a partir de janeiro de 2016 — explica o fundador da empresa, Rafael Biasotto.

Há 13 anos, com R$ 18 mil – R$ 10 mil emprestados pela avó e R$ 8 mil de uma poupança própria – Biasotto fundou a Uatt?. Neste ano, os produtos da empresa estão presentes em 2.860 pontos de venda, com 60 lojas próprias. Faturou R$ 108 milhões em 2014 e neste ano espera chegar a R$ 130 milhões, um aumento de 20%.

O número de funcionários passou de dois, ele e o sócio, para 120. Sem contar os empregos relacionados com as lojas, quase 6,5 mil pessoas.

(FOnte: Diario Catarinense)