Quando conheci a Luciana, minha esposa, ela ainda era atleta de tênis de mesa. Foi jogadora da seleção brasileira e atuou por mais de dez anos, período em que acumulou centenas de medalhas e troféus, uma carreira brilhante. Naquela época, eu não era muito fã do tênis de mesa. Alguns anos passaram, me formei em coaching, abri minha empresa e hoje sou coach justamente de quatro atletas de ponta do tênis de mesa de Piracicaba. Coincidência?

Para quem é coach, o principal desafio é se conectar com a linguagem dos atletas, principalmente porque eles são muito jovens, com idade entre 15 e 21 anos. E, em geral, existe a visão de que coaching é para pessoas de idade mais avançada, com mais experiência de vida. Triste engano! O coaching pode sim ser aplicado aos jovens – e os resultados são surpreendentes.

Recorro ao livro ‘O jogo interior do tênis’, de Tim Gallwey, para tratar do coaching esportivo. Gallwey é considerado o fundador do coaching; ele iniciou os estudos e aplicações no mundo dos esportes. Basicamente, todo jogo é composto de duas partes: o jogo interior e o exterior. No jogo exterior temos os adversários, as técnicas para segurar a raquete, posicionamento de braços e pernas. Já o jogo interior, que ocorre na mente do atleta, trabalha aspectos de concentração, nervosismo, insegurança e autocondenação. É praticamente o desafio do atleta com ele mesmo, contra os hábitos que o impedem de alcançar a excelência na performance.

Mas, e aí Fabiano, qual ponto devemos trabalhar? O interior ou exterior? O próprio Tim Gallwey responde que as pessoas não conseguirão sucesso ou satisfação na prática de um jogo se não dedicarem a atenção nas habilidades internas – o jogo interior. Obviamente que o jogo exterior também é importante. Muito treino, disciplina e dominar as técnicas é essencial para que as conquistas sejam construídas. Mas, somente o treino do jogo exterior não será suficiente. Isso explica o motivo pelo qual muitas vezes um atleta é campeão, leva uma medalha ou troféu, mas não está feliz consigo mesmo, sente que faltou algo.

Em um processo de coaching esportivo, o foco é 100% no jogo interior, levamos os atletas a profundas reflexões de quem é ele, onde ele está e onde deseja chegar. Com base nisso, utilizamos as melhores ferramentas do mundo do coaching para que o atleta comece a construir um caminho em direção aos próprios objetivos e, principalmente, inicie esta viagem interior, entendendo que tudo depende somente dele mesmo. Procuramos eliminar justificativas e desculpas que não constroem e não agregam. Substituímos todos os ‘sabotadores’ por autorresponsabilidade e autoconfiança – e o foco sempre na solução.

(Fonte: Lider Esporte)