Enxergar os recursos gastos com treinamentos e qualificação para empregados como custo é um erro. Apesar da crise econômica estar sendo longa, ela vai passar e as empresas que buscam qualificar e aperfeiçoar seu quadro de funcionários têm mais chances de voltar à corrida antes da concorrência. Mas não basta apenas treinar, é preciso ter planejamento. Dentre os objetivos das empresas que qualificam seus funcionários estão a busca pelo fortalecimento da capacidade da equipe, desenvolver habilidades específicas e melhorar a performance na área de atuação.

“O bem mais intangível da empresa, seus colaboradores, eles não podem deixar de serem treinados. A crise não é desculpa para não investir neles”, afirma José Maria Porto, economista e sócio-diretor da Valorize Consultoria Empresarial. De acordo com ele, as empresas que treinam seus empregados têm uma visão mais estratégica do mercado e estão cientes de que há uma concorrência forte. Além disso, funcionários que participam de cursos fora da empresa voltam com um olhar mais crítico e tendem a pôr em prática o que aprenderam.

A rotatividade baixa é um dos primeiros resultados que podem ser observados nas empresas que investem na qualificação de seus empregados. As farmácias Pague Menos, por exemplo, têm uma uma taxa de rotatividade em torno de 3%, bem menor que a registrada no varejo, de 7%. A empresa investiu em 2015 cerca de R$ 2 milhões em cursos e treinamentos para seu quadro funcional. “Nosso foco é a valorização das pessoas. Quando precisamos de alguém para um cargo novo, garimpamos em toda a rede para ver quem pode ser aproveitado”. Uma vez identificado o profissional, ele é encaminhado para um curso no qual irá aprender técnicas para exercer a nova função. “Se for necessário alguém de fora, essa pessoa também passa por esse processo de aperfeiçoamento de habilidades”, afirma Magna Castro Alves, gerente de desenvolvimento humano das farmácias Pague Menos.

Magna conta que ela é um exemplo da filosofia da empresa, “cheguei como estagiária e já estou aqui há 24 anos. Tem pessoas que trabalham no grupo há 35, ou seja, desde o começo”, diz. Ela acrescenta: “treinamos nossos empregados para que eles fiquem conosco para sempre, da mesma forma que queremos que nossos clientes fiquem com a gente para sempre”.

Perfil brasileiro

De acordo com dados da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), 70% das empresas estabelecem investimentos em qualificação de seus empregados baseadas nos valores gastos em anos anteriores. 59% delas estipula os valores com base em planejamento futuro. E 26% têm valores fixados independentemente do faturamento.

Em momentos de crise, a primeira medida que muitos empresários tomam é cortar as aplicações em capacitação e treinamento para os funcionários, contudo, essa atitude é equivocada, pois profissionais qualificados apresentam melhores e mais resultados e trazem novas ideias à empresa, é o que diz o diretor geral da ABTD Igor Cozzo que faz um alerta, “não adianta simplesmente treinar por treinar. É preciso ter um planejamento estratégico para isso”. Identificar o que tem que ser melhorado - aumentar vendas, modificar comportamentos etc. -, é o primeiro passo para aplicar o treinamento específico e poder mensurar os resultados obtidos.

(Fonte: O Povo)